segunda-feira, 25 de junho de 2012

O verdadeiro Coração Valente não foi Wiliam Wallace




Graças a Coração Valente, ganhador do Oscar de Melhor filme, dirigido, produzido e protagonizado magistralmente por Mel Gibson, todos conhecemos o herói nacional escocês William Wallace. O filme, com abundantes licenças artísticas e algumas referências históricas, baseia-se no poema épico "The Actes and Deidis of the Illustre and Vallyeant Campioun Schir William Wallace" [ufa!] escrito por Blind Harry ao redor de 1470 e que posteriormente foi popularizado com a adaptação do poeta William Hamilton em 1722.
Do William Wallace histórico sabemos que foi um plebeu com certa educação, que se sublevou contra a ocupação inglesa, derrotando-os em 1297 na batalha da Ponte de Stirling -quando morreu Andrew Moray, outro herói que lutou junto a William Wallace desde o princípio e que não é lembrado pelo filme-, que no ano seguinte seria derrotado por Eduardo I na batalha de Falkirk e que depois de regressar da França foi capturado e esquartejado. Fim do Wallace histórico e do filme. E aqui, quando termina o filme, começa a lenda do verdadeiro Coração Valente, Robert Bruce.




Após uma guerrilha contra os ingleses e depois de ter-se coroado rei da Escócia como Robert I, liderou os escoceses para derrotar Eduardo II na batalha de Bannockburn em 1314. A vitória da Escócia foi completa e, ainda que o pleno reconhecimento da independência da Escócia não foi reconhecida até 1328 com a assinatura do Tratado de Edimburgo-Northampton, a posição de Robert Bruce como rei se reforçou.

Mas de pouco adiantou, pouco tempo conseguiu desfrutar de tão precioso tesouro, um ano mais tarde falecia. Em seu leito de morte, não se sabe se como penitência por todos seus pecados ou por não ter cumprido seu desejo de lutar em uma cruzada, obrigou Sir James Douglas a jurar que no momento que morresse arrancaria seu coração e o levasse à Terra Santa.

Enquanto o corpo de Robert Bruce era enterrado na abadia de Dunfermline (em 1818 seu corpo foi exumado e descobriram que tinha as costelas serradas), Douglas, junto a outros cavaleiros, partia para a Terra Santa… com o coração guardado dentro de um recipiente de chumbo e amarrado a uma corrente. Lamentavelmente, pelo juramento feito, só conseguiram chegar até a península ibérica onde participaram de uma cruzada em Teba.

A superioridade dos muçulmanos e o desconhecimento de suas táticas de ataque surpreenderam os escoceses. Em um momento da batalha James Douglas viu-se rodeado pelo inimigo e, ante sua iminente morte, apanhou a corrente que prendia o recipiente com o coração e o lançou ao mesmo tempo que gritava:
"Adiante coração valente, eu te seguirei ou morrerei".
O corpo de Douglas e o coração de Robert foram repatriados a Escócia para ser enterrados. O coração de Robert foi enterrado na abadia de Melrose.





Em 1921, durante as escavações na mesma abadia, encontraram um recipiente de chumbo de forma cônica, mas voltaram a enterrá-lo. Em 1996, desenterraram de novo e a Historic Scottiano disse que "era difícil determinar se era ou não o coração de Robert Bruce". Já em 22 de junho de 1998, enterraram de novo no mesmo lugar e desde então descansa em paz até que outro historiador abelhudo resolva novamente escavar o local.

Dois dias depois, durante o aniversário da vitória de Bruce em Bannockburn, o Secretário de Estado da Escócia descobriu uma talha de um coração entrelaçado com a Cruz de San Andrés no lugar onde o coração foi enterrado, no qual é possível ler:
"Um coração nobre não pode estar em paz se carece de liberdade."




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